“O fotógrafo é um especialista em breves encontros.” A frase, do aclamado nova-iorquino Richard Avedon, que fotografou grandes nomes da moda e da arte do século 20, resume a trajetória de outro monstro sagrado das imagens: o brasileiríssimo Bob Wolfenson. Nascido em São Paulo, onde vive e trabalha desde os dezesseis anos, Bob sempre transitou com fluidez por diversos gêneros da fotografia: de retratos a nus, cruzando a publicidade, a arte, e, claro, a moda – que lhe projetou nacionalmente ainda no século 20 e que o leva a celebrar 50 anos de carreira em 2021.
Homenageando a obra de Bob e seu legado de cinco décadas, a ELLE, publicada pelo Grupo Papaki, de Alexandre Sallouti e Mario Peixoto, celebra também um ano de retorno ao País. O Volume 03, em acabamento luxuoso de livro, chega nesta sexta-feira, dia 12, às principais bancas e livrarias, bem como às plataformas digitais da ELLE. Nas cinco capas comemorativas, uma para cada década de carreira de Bob Wolfenson, grandes personalidades brasileiras das artes e da moda: Anitta, Carol Trentini, Mano Brown, Maria Bethânia e Taís Araújo. Todos, apoteoticamente, clicados pelo homenageado.
A edição histórica traz no recheio um megaensaio de mais de 70 páginas do aclamado fotógrafo com outros nomes consagrados: Luiza Brunet, posando nua, Jesuíta Barbosa (idem), Jojo Todynho, Debora Bloch, Zé Celso Martinez Corrêa, Laura Neiva e Chay Suede, além de uma série de convidados mais que especiais. A nova edição de ELLE Brasil também conta com entrevistas exclusivas que prometem causar: Anitta falando sobre abuso sexual, cirurgias plásticas, polêmicas e cultura do cancelamento; Mano Brown revisitando o passado e escancarando a sua visão política do presente; Maria Bethânia revelando detalhes do novo álbum de inéditas, sua relação com a moda, medos, fé e a conexão com Caetano Veloso; os artistas plásticos Vik Muniz e Maxwell Alexandre papeando sobre origens, religião e arte; e Bob Wolfenson expondo curiosidades sobre seus 50 anos de carreira ao amigo de adolescência Serginho Groisman.
“Esta é uma edição cheia de significados e talvez a mais histórica que já concebemos. A começar pelo fato de que, há um ano, anunciávamos com certa inocência e bastante entusiasmo a volta da ELLE ao Brasil. Não fazíamos a menor ideia de que, exatamente na mesma semana, o mundo inteiro entraria em colapso por causa da pandemia. Apesar de tudo, estamos aqui e isso, além de um grande privilégio, é motivo para alguma felicidade. E é por isso que, para comemorar um ano de ELLE, o grande homenageado desta edição é o fotógrafo Bob Wolfenson, que em 2021 comemora 50 anos de carreira”, conta Susana Barbosa, diretora editorial da ELLE Brasil.
“Quando a Susana Barbosa me convidou a fazer um número especial para celebrar os 50 anos de minha trajetória, fiquei lisonjeado, mas ao mesmo tempo preocupado. O que fazer e como? No entanto, uma parceria forte se estabeleceu com o genial e incansável diretor criativo Luciano Schmitz, um milionário de ideias, que por duas semanas em uma jornada exaustiva, mas muito gratificante, foi construindo e sugerindo reinterpretações de meus trabalhos”, conta Bob Wolfenson. “O que facilitou a coisa toda é que transito por vários gêneros da fotografia. E pude ser esses muitos fotógrafos que sou, nestas páginas, cruzando um trabalho com outro, sobrepondo ideias, evocando memórias de infância e, por fim, exercendo meu ofício de fotógrafo de moda. Os nus, os retratos travestidos de moda, os retratos em si, as modas em si, tudo isso fomos reinventando e atualizando também em relação às questões identitárias tão fundamentais e presentes na nossa época”, pontua Wolfenson.
Referências – O livro “Belvedere” (Cosac Naify, 2013), de autoria de Bob, sobre lugares decadentes e kitsch, foi a inspiração para os ensaios com Anitta, Erika Hilton, Jojo Todynho, Jesuíta Barbosa e Taís Araujo. Os trabalhos “Antifachada-Encadernação Dourada” (Cosac Naify, 2004), produzido no centro de São Paulo, e “A caminho do mar”, realizado em Cubatão (SP), no ano de 2007, foram as referências para a série com a modelo Samile, fotografada dentro de um tubo. O ensaio alude a outro feito por Wolfenson nos anos de 1990 e 2000, com mulheres nuas dentro de cilindros transparentes. A série com Samile contou ainda com uma imagem clicada na Casa do Povo, lugar fundamental na formação de Bob, que abrigava também a escola onde o fotógrafo icônico cursou seus primeiros anos de ensino, e onde a sua família estava intimamente ligada.
“Para mim, Bob é o maior e melhor fotógrafo do Brasil e eu nunca escondi isso dos outros com quem trabalho e também admiro e respeito. Ele é alguém que cultiva valores genuínos, um defensor das liberdades individuais, que se posiciona com firmeza, mas também ri de si mesmo e permite que riam dele. Com o Bob não tem tempo ruim. E, se tiver, ele dá um jeito de transformar em belas imagens – como fez quando teve seu estúdio alagado por uma enchente que desfigurou parte de seu acervo. Por ele, não medimos esforços para colocar de pé esta edição, que foi inteira fotografada duas semanas antes de ir para a gráfica – um risco que corremos com disposição e um sorriso no rosto, escondido por trás das máscaras”, revela Susana Barbosa. Em virtude da pandemia de Covid-19, todos os ensaios contaram com equipes reduzidas nos sets. Todas as medidas sanitárias foram rigorosamente preservadas.
Imagem: Divulgação